(Coletânea do livro “O Evangelho à Luz do Cosmo”, Ramatís/Hercílio Maes. 1974 – Capítulo 16 “O trigo e o joio”):
Pergunta — Mas essa emigração de espíritos terrícolas para um mundo inferior e muito aquém do que já usufruíram na Terra, parece-nos mais punitiva do que mesmo reeducativa! Estamos certos?
Ramatís — As vidas nas faces dos orbes físicos são apenas ensejos ou recursos educativos, no sentido de se plasmarem as consciências individuais dos espíritos recém-saídos da energia psíquica cósmica! Através das inúmeras situações e “testes” pedagógícos dos mundos materiais, as centelhas espirituais promovem a sua própria conscientização, adquirindo a noção de “existir”, e o “saber” pelo pensar! Ademais, as próprias forças sublimadas da vivência animal, acasalando-se com as energias sutilíssimas atraídas dos planos superiores, constituem-se na substância fundamental da estrutura e configuração do perispírito do homem encarnado! Em conseqüência, o perispírito se organiza no limiar das forças refinadas da animalidade, e, também, pelas energias “descidas” da fonte sidérea divina!
Mas durante esse intercâmbio ou ativação entre o espírito e a matéria, no sentido de se desenvolver a consciência espiritual do homem, o seu perispírito também se imanta do residual inferior produzido pelo campo vigoroso e instintivo da contribuição animal. Tratando-se de um veículo definitivo e que opera normalmente nos planos superiores da angelitude, o perispírito então precisa submeter-se a uma terapia ou saneamento energético, a fim de o espírito desencarnado conseguir alcançar os campos de forças mais sutis da vida espiritual. Mas o processo que sublima e purifica o períspírito, e o liberta do residual inferior conseqüente às suas experiências vividas na matéria, que o diafaniza para a espiritualidade, atua à semelhança de um “lixamento” em todos os interstícios perispirituais, cujo atrito então repercute no campo nervoso do encarnado, causando-lhe a reação conceptual da “dor” ou do “sofrimento” tão indesejáveis. Trata-se de algo semelhante a um circuito no campo físico, mas que atinge de modo aflitivo e desagradável o campo psíquico! É, enfim, a cota de sacrifício, que resulta durante a elaboração da consciência espiritual do “novo indivíduo”, modelado no seio de Deus!
Em conseqüência, os mundos físicos funcionam como verdadeiras “lixas” de áspera granulação, que extirpam compulsoriamente da veste perispiritual a crosta dos resíduos e das paixões da animalidade instintiva. E quando os espíritos matriculados no curso primário dos mundos físicos são reprovados no exame escolar ou de “juízo final”, porque ainda lhes predomina a instintividade animal sobre a freqüência sidérea perispiritual, então só resta à Administração Sideral despejar os “maus inquilinos” para outra moradia agreste, mas eletiva para eles recapitularem as lições negligenciadas. Não se trata de nenhuma punição ou castigo de Deus, mas simplesmente uma operação retificadora, cuja finalidade essencial é promover a ventura do ser!
Pergunta — Ainda sob o tema do “Festim de Bodas”, que são as imagens ou configurações alusivas, que nos indica especificamente o acontecimento dos espíritos reprovados serem alijados para outro mundo inferior?
Ramatís — Na parábola do “Festim de Bodas”, é muito significativo, quando o rei assim indaga ao “intruso”, que se encontra em situação ilegal no banquete divino: “meu amigo, como entraste aqui sem a túnica nupcial?” Sem dúvida, o Senhor ali figurado como o rei refere-se ao fato de o convidado apresentar-se sem a túnica nupcial, ou conforme já vo-lo dissemos, sem o perispírito devidamente higienizado ou “imaculado”!
É fácil de aperceber-se que o “intruso” não oferece as condições autênticas exigíveis para poder-se ajustar em equilíbrio com o ambiente superior, e, conseqüentemente, deve ser dali “expulso”! Ele vivia satisfatoriamente condicionado num ambiente inferior, e, por lei vibratória, então até deve sentir dificuldade em mudar-se para um nível superior! É de lei; no mundo físico, que o sapo viva no pântano nauseabundo, que lhe é o ambiente apropriado, enquanto o colibri esvoaça entre os odores das flores. Cada ser vive de acordo com a sua eletividade ambiental, por cujo motivo o colibri sucumbe asfixiado no mesmo lodo onde o sapo canta eufórico.
O tema dessa parábola, portanto, presta-se muitíssimo para também explicar e comprovar o exílio dos espíritos reprovados na seleção de “juízo final” da Terra. A figura do “convidado intruso” do “Festim de Bodas” simboliza o conjunto de espíritos que devem ser alijados da face da Terra, porque eles não conseguiram aprender o ABC do Amor, e, portanto, não possuem as condições necessárias, para se reencarnarem no próximo milênio no orbe em prosseguimento ao seu desenvolvimento consciencial. Isso porque a Terra, já devidamente reformada e ajustada geologicamente, será um planeta sem ódios e sem guerras, onde há de predominar a busca da sabedoria e das atividades criativas através da arte e da ciência sublimadas pela fraternidade.
A parábola do “Festim de Bodas” não só identifica o tipo espiritual terrícola reprovado no “juízo final”, e simbolizado na figura do hóspede intruso, como ainda assinala o exílio dos “esquerdistas” do Cristo para as “trevas exteriores”, onde há “prantos e ranger de dentes”. Essa figura ajusta-se perfeitamente ao simbolismo de um mundo físico primário, ainda povoado por uma vida animal selvática e feroz. Só num mundo físico de natureza agreste é que realmente pode existir “ranger de dentes e prantos”, como símbolo da animalidade, e onde ainda grassa a violência, guerra e ferocidade na luta pela sobrevivência, tão comuns à maioria dos atuais terrícolas.
Qualquer discípulo de filosofia espiritualista, baseado no pensamento oriental, sabe que, ao buscar o “reino dos céus”, o candidato deve trilhar a “senda interna” do espírito, apurar a sua sensibilidade psíquica e aperceber-se do que é divino. Deste modo, as “trevas exteriores”, mencionadas por Jesus, nada mais são do que o “caminho exterior”, transitado pela alma encarnada através do seu invólucro físico. Em conseqüência, os espíritos que negligenciarem o seu aprimoramento espiritual, desprezando a “senda interna”, deverão recuperar o tempo perdido e recapitular suas lições ao longo do “caminho externo”, numa vida física ainda mais dificultosa e mais dolorosa, porque se trata de uma verdadeira restauração para o nível que decaíram na Terra.
Pergunta — Que dizeis quanto à referência mencionada no “Festim de Bodas” de que “muitos serão os chamados e poucos os escolhidos”?
Ramatís — Até o fim do século atual, período em que se processa o profético “Juízo Final”, e época dos “Tempos Chegados”, provavelmente devem ser convocados à reencarnação mais de 5 bilhões de espíritos na erraticidade, para aí no mundo físico darem o testemunho da evolução espiritual. Antigos magos-negros serão chamados a militar na magia branca de Umbanda, e muitos retornarão às antigas práticas em prejuízo do próximo, ainda estimulados pela sua deficiência espiritual. Entre antigos inquisidores, líderes sombrios da Idade Média, polemistas de dissensões religiosas e mesmo políticas, serão convidados a participar da renovação espiritual do mundo, embora muitos deles ainda devam prosseguir preferindo as discussões estéreis à ação crístíca. Mas, conforme as estatísticas da “Administração Sideral”, apenas um terço da vossa humanidade deverá ser escolhido à direita do Cristo e gozar da concessão de voltar a encarnar-se na Terra, no próximo milênio, Os dois terços restantes compreendem os “feixes” de joio, que “atados de pés e mãos”, e devido à sua irresponsabilidade espiritual, serão classificados à “esquerda” do Cristo e obrigados a emigrar para um mundo primitivo, onde o homem ali mal consegue amarrar machados de pedra!
São esses espíritos escravos do “mundo de César”, que preferiram exclusivamente a “porta larga” dos prazeres, vícios, das ignomínias, paixões e facilidades humanas, desprezando a “porta estreita”, que simboliza o dever, estoicismo, e paciência e resignação.
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